PINK STAR
Os Satyros estreou Pink Star, sua 100ª produção. Peça inaugura a Trilogia do Antipatriarcado, que terá a remontagem de Transex e a produção inédita Transperipatético.
Os Satyros estreou dia 8 de setembro o espetáculo “Pink Star”, sua 100ª produção. A peça é uma comédia musical futurista Queer, cheia de referências à cultura pop.
Escrito por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, o texto aborda as relações da pós-família com as questões de gênero e a teoria Queer, a partir de textos teóricos de Judith Butler e Paul B. Preciado, entre outros. O espetáculo fará parte da “Trilogia do Antipatriarcado”, juntamente com outras duas produções: a remontagem de “Transex” e a produção inédita “Cabaret Transperipatético”.
O elenco do espetáculo é formado por artistas de várias identidades de gênero – cisgêneros, transgêneros, agêneros e não binários – e orientações sexuais – heterossexuais, homossexuais, demissexuais e bissexuais – que contribuíram com suas próprias experiências pessoais para a construção do trabalho.
“Pink Star” está em cena sextas e sábados às 21h, no Estação Satyros (Praça Roosevelt, 134, Consolação, tel. 3258 6345), até o final de dezembro.
A Investigação:
Durante oito meses de processo de trabalho, Os Satyros recolheram materiais acadêmicos de pensadores como Judith Butler e Paul B. Preciado – em especial, seu “Manifesto Contrassexual” –, além de reflexões sobre a questão da família contemporânea.
Em uma segunda linha de investigação, o grupo abordou as experiências pessoais dos artistas envolvidos no projeto, tratando das questões da constituição da célula familiar, a construção das identidades de gênero e de orientação sexual dentro do contexto familiar e de como esse processo se refletiu na constituição dos indivíduos.
Judith Butler, uma das pensadoras fundamentais da Teoria Queer, coloca que “as práticas de gênero nas culturas gay e lésbica acabam por tematizar o natural em contextos paródicos que colocam em evidência a construção performativa de um sexo original e verdadeiro. Que outras categorias fundadoras da identidade – o marco binário do sexo, do gênero e do corpo – produzem o efeito de naturalidade, originalidade e inevitabilidade? Considerar que as categorias fundadoras do sexo, do gênero e do desejo são efeitos de uma formação específica do poder requer uma forma de questionamento crítico que Foucault, reformulando Nietzsche, denomina ¨genealogia”.
Paul B. Preciado, performer e pensador Queer, também alega que “não existem apenas dois sexos, mas uma multiplicidade de configurações genéticas, hormonais, cromossômicas, sexuais e sensuais. Não temos uma verdade de gênero, de masculino e feminino.”
Foi partindo da discussão de como a família, a escola, a religião e todas as outras instituições sociais constroem o homem ou a mulher que perfaz a nossa identidade pessoal, que os artistas envolvidos no projeto trouxeram seus depoimentos em workshops que duraram seis meses.
Além dos estudos da Teoria Queer e da pós-família, o grupo pesquisou fontes de dramaturgia clássica para construir seu trabalho. Foram realizados estudos sobre dramaturgos clássicos do teatro cômico como Molière (especialmente a análise da estrutura dramatúrgica de vários de seus textos), Feydeau (em seu texto “O chapéu de Palha de Itália”), Copi (“O Homossexual ou a Necessidade de Exprimir-se”) Valentin Kataiev (“Quatro num Quarto”). Outra fonte importante para a pesquisa foi a série “Star Treck”, de Gene Roddenberry.
O Roteiro:
Nascido em uma família tradicional terráquea, no ano de 2501, Purpurinex Brilhante tem uma infância e adolescência bastante problemáticas. Em uma noite de balada, apaixona-se pela drag queen Kátia Veroska, pela ex-freira portuguesa Rita de Cássia e pela robô erótica Gina Made In China. Algum tempo depois, eles decidem se casar, formando o primeiro quadrisal terráqueo legalizado, o que causa horror no irmão gêmeo de Purpurinex, o tradicionalista Jair.
Após o casamento, o quadrisal entra em conflito, o que causa uma profunda decepção em Purpurinex. Ao ver a situação, os avós se constrangem e lhe dão como herança o maior diamante rosa do planeta, o Pink Star. Purpurinex resolve, então, fugir para Shiralea VI, onde pretende visitar uma colônia de pansexuais e artistas. No entanto, ao chegar em uma estação intergaláctica na entrada do Quadrante Delta, é assassinado.
A Família Brilhante:
A família Brilhante é bastante tradicional. O pai, Guiomar Brilhante, é engenheiro robótico e trabalha na construção de robôs eróticos. A mãe, Soledad Brilhante, é uma dona de casa conservadora e que só conseguiu engravidar através do implante de um útero artificial. A amante da mãe também mora na casa. Seu nome é Carol/Cardozo. De dia, trabalha como enfermeira padrão em um hospital e, à noite, é treinador de futebol de várzea e usa o nome Cardozo.
O grande antagonista de Purpurinex é justamente seu irmão gêmeo, Jair. Nascido três meses antes de Purpurinex, Jair é um ardente defensor da Bíblia no mundo intergaláctico. Jair não aceita as decisões libertárias de Purpurinex e considera uma ofensa à Bíblia as suas opções de vida. Seu projeto pessoal é tornar-se presidente.
Os avós Brilhante, hippies da década de 2460, tinham uma plantação de maconha medicinal em São Tomé das Letras. Eles promovem orgias intergalácticas e possuem um passaporte que permite que circulem entre os planetas de todas as galáxias e o Céu. Os avós, únicos defensores de Purpurinex, doam-lhe o Pink Star, o maior diamante rosa do planeta Terra, que gerará inveja, ciúme e retaliações, até culminar em seu assassinato.
O Casamento de Purpurinex e a Crise:
Em uma noite de balada com drogas e álcool, Purpurinex conhece Kátia Veroska, uma drag queen de grande destaque na vida noturna que se chama Rômulo Valente e, durante o dia, trabalha em uma oficina mecânica. Eles se apaixonam e se beijam do lado de fora da casa noturna, por onde está passando a freira portuguesa Rita de Cássia, que estava a caminho de uma obra de caridade quando vê o beijo entre os amantes, e se apresenta a eles. Purpurinex se apaixona instantaneamente pelo amor abnegado de Rita pela humanidade e por Deus, e propõe uma relação a três, imediatamente aceita por todos.
Após alguns dias, Kátia Veroska/Rômulo Valente acaba confessando que já era casada com uma pessoa não humana, uma robô feminina de prazer, chamada Gina Made in China. Eles acabam se casando e formam o primeiro quadrisal terrestre legalizado.
No entanto, após um tempo, Purpurinex acaba se confrontando com milhares de problemas no relacionamento. Ciúmes, possessividade, egoísmo e outras mesquinharias típicas de casais acabam atropelando seus relacionamentos.
Numa ida ao analista, Purpurinex conhece Sologamia, uma pessoa sologâmica. Ela se casou consigo mesma após várias investidas fracassadas de relacionamentos amorosos e uma tentativa de suicídio.
Purpurinex se apaixona por Sologamia, que acaba recusando ter um caso com ele, pois já é casada consiga mesma. Tornam-se bons amigos e passam a jogar futebol juntos, às quartas-feiras à noite.
A Fuga:
Ao receber de herança o maior diamante rosa da Terra, o Pink Star, Purpurinex acaba se confrontando com os interesses egoístas de seus cônjuges e, inclusive, de seus familiares. Profundamente abalado com essa situação, decide fugir para Shiralea VI, onde há uma colônia de pansexuais e artistas libertários. Ao chegar em uma estação intergaláctica na entrada do Quadrante Delta, é assassinado.
Sinopse:
Em 2501, no Planeta Terra, vive Purpurinex Brilhante, uma pessoa humana totalmente livre dos clichês da ditadura do binarismo homem/mulher. Herdeirex do maior diamante rosa conhecido, o Pink Star, elex é assassinadex no momento em que traça sua fuga para outra galáxia, em direção a Shiralea VI. O espetáculo busca reconstituir sua trajetória a fim de desvendar o enigma de sua morte. Quem seria o assassino da pessoa mais livre que já existiu?
Serviço:
Espetáculo: Pink Star
Duração: 1h50
Local: Estação Satyros – Praça Roosevelt, 134 – tel. 3258 6345
Dias: sexta e sábado 21h
Temporada: a partir de 8 de setembro, por tempo indeterminado
Ingresso: R$ 40,00 (R$ 20,00 - meia)
Telefones para reservas: 3258 6345 / 3231 1954
Recomendação: Livre
Ficha Técnica - Pink Star:
Texto: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez
Direção: Rodolfo García Vázquez
Assistência de Direção: Emílio Rogê e Gustavo Ferreira
Elenco: Alex de Felix – Vô Brilhante | Bel Friósi – Gina Made in China | Billy Eustáquio – Carol/Cardozo | Cristian Silva – São Gonçalo | Daiane Brito – Detetive | Diego Ribeiro – Purpurinex | Fabia Mirassos – Elvis Presley Cover | Fabricia Mangolin – Domingos E Travesti do Velório | Fernanda Custodio – Travesti vinda do céu | Gisa Guttervil – Santa Joana dos Arcos | Hanna Perez – Sologamia e Fotógrafo do Casamento | Isabela Cetraro – Rita de Cássia | Ju Alonso – Vó Brilhante | Karina Bastos – Analista e Carpideira | Lenin Cattai – Amiga Cássia | Lucas Allmeida – Katia Veroska/Rômulo Valente | Maiara Cicutt – Jair | Marcelo Thomaz – Guiomar | Marcelo Vinci – Carola da Esfiha | Márcia Dailyn – Soledad Dolores | Silvio Eduardo – Amiga Aracy | Sofia Riccardi – Santa Margarete de Antiochia | Elisa Barboza | Lorena Garrido e Tiago Leal – Stand-ins
Cenários: Rodolfo García Vázquez
Figurinos e Perucas: Billy Eustáquio e Lenin Cattai
Maquiagem: Bel Friósi e Fabia Mirassos
Iluminação: Rodolfo García Vázquez
Sonoplastia: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez
Composições originais: Felipe Soares
Dramaturgismo: Arthur Capella
Cenotecnia: Franja Cicutt
Fotografias: Andre Stefano e Salim Mhanna
Produção Executiva: Diego Ribeiro, Lucas Allmeida e Silvio Eduardo
Coordenação de Produção: Daniela Machado
Operador de Som: Alexandre Cunha
Operador de Luz: Alexandre Apolinário
Preparação Corporal: Gal Spitzer
Preparação de Voz: Charles Yuri
Coreografias: Emílio Rogê
Arte Gráfica: Henrique Mello
Assessoria de Imprensa: Silvio Eduardo
Contato com a imprensa:
Silvio Eduardo | cel. 98750 3919 – 3258 6345