Kell Smith

"Respeita as Mina", primeiro single de Kell Smith, lançado no Dia Internacional da Mulher, é a música do ano na música brasileira. E olha que nem chegamos ao final do primeiro trimestre. Pode escrever. E se não terminar o ano como tal nas tradicionais listas de melhores do período, pior para a música e crítica brasileiras, pois se não for confirmada na teoria, esta já é na prática a canção deste 2017.

O single é uma das cinco do EP que Kell Smith lança agora, com produção e direção artística de Rick Bonadio e de sua equipe do Midas.

Pode pegar qualquer componente de "Respeita as Mina". Qualquer um. Veja a letra, por exemplo: "(...)Respeita as mina/Toda essa produção não se limita a você/Já passou da hora de aprender/Que o corpo é nosso nossas regras nosso direito de ser". Não há nada mais contemporâneo e alinhado com o grito atual do (justo) empoderamento. Aí partimos para a canção, uma mistura deliciosa de hip hop com pop, com arranjos crescentes em camadas a partir de uma levada de violão que te deixa com vontade de sentar à mesa de som e ir separando instrumento por instrumento para saborear cada um individualmente.

Olha que nem falamos do vocal, que flutua pelos 3 minutos e 12 segundos da canção beirando a soberba de tão bom. No meio, Kell ataca em métrica de rap e cria nova nuance à música.

A canção termina e você pensa que o recado foi dado. Aí vem um clássico instantâneo da MPB (ênfase na maiúscula da letra B) onde, se você separar apenas o vocal de Kell Smith, "Era Uma Vez" coloca no bolso toda a onda de nova música popular brasileira recente. Arranjos de cordas, piano encharcam a música em doçura.

Cordas, violão, piano e MPB dão igualmente o tom em "Meu Lugar". Você escuta e imagina a trajetória da cantora até chegar ao registro. Do dia em que o pai dela, um missionário religioso, encontrou uma vitrola abandonada e um disco da Elis Regina, "Falso Brilhante", levou-os para casa e como aquilo mudou a vida da menina de 11 anos até que chegasse a este registro.

Elis Regina é uma influência perceptível em "Viajar é Preciso". Outra MPB com pegada pop, insert de acordeão e projeção de imagem de Kell como se fosse a Pimentinha da música popular brasileira se apresentando despreocupadamente num cabaré francês.

É o primeiro registro de Kell Smith. Pode, portanto, ser considerado o trabalho de uma caloura. Mas também pode ser chamado de aula.

Assessoria de Imprensa – Kell Smith

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